Na Praia de Perequê, em Porto Belo, um embate entre moradores, um empresário e a prefeitura está dividindo opiniões. Uma parte de um terreno com aproximadamente 57 mil m, que virou a casa de 22 famílias, é o objeto de discórdia. O empresário Arno Baron, dono da área, pediu a reintegração de posse assim que notou a invasão, em janeiro deste ano.
O pedido foi concedido recentemente pela Justiça e as famílias já deveriam ter saído do local na última semana. A maior discórdia acontece porque que algumas famílias alegam estar no terreno há mais de 18 anos. Entretanto, Arno garante que a invasão foi feita em janeiro.
– Nos relatos da polícia fica claro que eles entraram há pouco tempo na minha propriedade e utilizaram a invasão da (Rua) Davi Cota como referência – considera.
A via onde a ocupação ocorre é a Pedro Paulo dos Santos, ao lado da Davi Cota, onde a prefeitura admite que famílias moram no local há mais de 15 anos. Em um relatório da polícia, há a informação que em fevereiro havia seis casas no terreno de Arno e outras três estavam em construção.
O advogado que defende os moradores, Murilo Hennemann, afirma que algumas famílias já estavam no local há mais tempo do que o relatado pela polícia. No documento emitido pela PM, três suspeitos de tráfico de drogas, entre outros crimes, estariam se aproveitando da condição do terreno para se esconderem após praticar delitos.
De acordo com um auto feito pela polícia ainda em fevereiro, a área, além de causar danos ambientais, gera risco eminente contra a segurança pública. Hennemann, no entanto, contesta o argumento de que o local seria refúgio de criminosos.
– Juntamos diversos documentos, como contas de luz que provam que a maioria absoluta dos moradores estão aqui há bem mais do que dois, três anos. Também anexamos carteiras de trabalho para mostrar que quem mora aqui são pessoas de bem – argumenta o advogado.
Preocupação
Os moradores negam que o local abrigue bandidos e afirmam que há 65 crianças morando na região e que tirar a casa das famílias faria com que todos ficassem na rua. Ele revelam que estão assustados com a possibilidade de serem expulsos das casas.
– Meu marido está preocupado de ir trabalhar e a gente estar na rua. Como vou fazer com meus filhos? Não tenho para onde ir – reclama a dona de casa Alessandra Nascimento.
Ela mora há cinco anos com a família no território e conta que o marido está ali há mais de 15 anos.
O dono do terreno alega que as pessoas que estão no local estão mentindo sobre o tempo que moram na área e utiliza os documentos oficiais para provar que eles começaram a ocupar o terreno há cerca de sete meses.
– Tenho todas as provas que as casas são recentes, por isso a Justiça deu o parecer ao meu favor. Eles estão se baseando na ocupação que ocorreu há 20 anos na (Rua) Davi Cota para dizer que moram aqui faz tempo. Mas é mentira – afirma.
Fernanda Friedrich, Especial – reportagem@osoldiario.com.br
Foto: Marcos Porto / Agencia RBS
O SOL DIÁRIO