Coordenadora de Políticas Públicas para Mulheres de Bombinhas, Kátia da Vara e Procuradora Lucimari Delavy participaram nesta segunda-feira, 02.12, do Ato de lançamento da Frente Parlamentar dos Homens pelo Fim da Violência Contra as Mulheres.
Os deputados homens constituíram uma frente parlamentar pelo fim da violência contra as mulheres no estado de Santa Catarina. A iniciativa é uma reação política ao alarmante terceiro lugar nacional de estupros, que o 7 Anuário Brasileiro de Segurança Pública conferiu a Santa Catarina, que registrou 2.355 casos em 2011 e 2.925 em 2012, um aumento de 19,4%. “Como pode um estado que é primeiro lugar em saúde segundo o IDH e o terceiro em estupros?”, questionou Sheila Sabag, da Rede Feminista de Saúde, acrescentando que em 2012 as catarinenses registraram 58 mil boletins de ocorrência por causa da violência doméstica.
O Deputado Estadual Padre Pedro Baldissera, que presidirá a frente, conclamou o envolvimento dos homens. “Uma pena que hoje a representação de homens esteja muito aquém, mas isto nos remete a um desafio maior, de envolver de fato os homens e de criar indignação profunda pela triste realidade catarinense”. O parlamentar anunciou que os veículos de comunicação da Assembleia farão campanha pelo fim da violência contra a mulher. “Vamos começar pela casa, além de organizar seminários no estado”, revelou.
A presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher, Elizabete Silva de Oliveira, elogiou a iniciativa de Padre Pedro. “Os homens precisam entender o que é esta violência, que é derivada da questão cultural, do machismo, de achar que a mulher é propriedade sua”, explicou. Já a juíza Sônia Moroso Terres, subcoordenadora do Núcleo das Vítimas da Violência Familiar e Doméstica do Tribunal de Justiça, revelou satisfação em “presenciar uma iniciativa que busca repartir a responsabilidade pelas políticas públicas pelo fim da violência contra a mulher”. Moroso destacou parceria entre o TJ e o Legislativo, de lançar uma campanha na mídia para alertar a sociedade sobre a violência cometida contra o sexo feminino.
Fontana sugeriu a construção de presídios para homens agressores. “Baratos, não tão grandes, para os agressores receberem educação, atenção, para melhorar suas vidas”, declarou, acrescentando que “tirar alguém de sua casa para colocar no presídio de São Pedro de Alcântara não vai adiantar muita coisa”, revelou, explicando que “é melhor deixar o agressor solto do que colocar lá”. Ele justificou sua opinião afirmando que “o juiz também tem de saber onde está colocando os presos”.
O juiz ainda criticou a demora do estado em criar uma secretaria de estado para as mulheres, bem como para ampliar a rede de apoio às mulheres vítimas de violência. “O governador Colombo se comprometeu em erradicar a violência doméstica, é só buscar os vídeos da campanha e cobrar a promessa”, avaliou.
História aterradora
Adélia Schmitz, do Movimento das Mulheres Camponesas (MMC), chocou a plateia ao contar caso de violência contra a mulher ocorrido há cerca de 40 anos no interior catarinense. “Uma camponesa vivenciou essa violência na sua propriedade. Quando me contou esta história tinha 70 anos e já era viúva. Ela estava com o seu companheiro trabalhando na roça com uma junta de bois. De repente um dos bois teve morte súbita e o homem obrigou a mulher a fazer par com o boi sobrevivente no outro lado da canga. Ele fez isso com a sua companheira, com a mãe dos seus filhos”, lamentou Adélia, ressaltando a ignomínia e a covardia do gesto.
Participação Gaúcha
O coordenador da Frente Parlamentar da Assembleia Legislativa gaúcha, deputado Edegar Pretto, participou do lançamento e saudou a iniciativa do deputado Padre Pedro Baldissera e demais deputados que assinaram a proposição. “É com imensa alegria que participo deste lançamento, representando o Grupo de Trabalho da Frente gaúcha. O colega deputado Padre Pedro é mais um homem de coragem nessa luta por uma sociedade sem machismo e sem violência doméstica”, disse Edegar.
O estado de Santa Catarina não conta com delegacia especializada no atendimento à mulher vítima de violência, como previsto na Lei Maria da Penha. O atendimento às mulheres é feito em delegacias, junto com jovens infratores e idosos porque eles, da mesma forma, precisam de atenção específica. O estado também não possui uma Secretaria de Políticas para as Mulheres, e até bem pouco tempo não possuía defensoria pública. Mesmo sendo o terceiro estado do país em número de casos de estupro, não possui rede de proteção à mulher. “É tarefa do Estado e instituições desenvolverem ações concretas para atacar o problema. Com a criação da Frente Parlamentar Santa Catarina dá um passo adiante no processo de combate à violência de gênero, avalia Edegar Pretto.
Fonte: Prefeitura Municipal de Bombinhas