Dez veículos foram incendiados por volta das 23h15 desta sexta-feira em Porto Belo. O incêndio ocorreu em uma área do bairro Perequê que começou a ser cercada pela prefeitura. A determinação atende uma decisão judicial para garantir que o local não seja ocupado irregularmente.
Os veículos que pegaram fogo estavam dentro da área que a prefeitura cercou. De acordo com o Corpo de Bombeiros e a Polícia militar, ainda não é possível afirmar o que causou o incêndio e nem a autoria. No entanto, há suspeita de que possa ter sido um ato criminoso. Para apagar as chamas foram usados 8 mil litros de água durante mais de 1h.
O proprietário dos automóveis e morador do local há 15 anos, Vilmar Malheiros dos Santos, conta que o prejuízo passa de R$ 100 mil. Segundo ele, este já é o sexto incêndio que acontece no terreno.
Vivemos em clima de guerra, não dá pra sair de casa. A gente teme que isso não vai acabar bem. Os moradores querem defender o que tem, não iam sair por ai botando fogo. Queremos saber qual o próximo passo questiona.
Santos também reclama que quando iniciou a colocação da cerca não foi deixado um espaço para retirar os veículos:
Faz 15 anos que sou proprietário desse terreno e nunca fui ouvido nesse processo judicial que está tramitando, não tive direito de defesa. O oficial de justiça disse que ia deixar um espaço para retirar os carros e de tarde fecharam tudo. É um terreno cadastrado na prefeitura, com inscrição imobiliária. Eu pago imposto há mais de 10 anos explica.
Cerca causa revolta
A instalação das cercas começou na sexta-feira na área localizada na SC-412, bem em frente ao shopping Porto das Águas, no acesso à cidade. Os moradores foram surpreendidos pela ação da prefeitura e temem que por conta disso sejam retirados do local sem aviso prévio.
O procurador de Porto Belo, Valmor Guerreiro filho afirmou não é de interesse do município retirar os moradores, até porque grande parte já entrou com ações na Justiça para regularizar seus imóveis. O que foi feito, segundo ele, foi para garantir que não surjam novas construções no local.
A prefeitura também informou que só foi cercada uma área que não era ocupada. No entanto, o morador Renato Chimiloski não tem mais como tirar o carro da garagem e precisa pular a cerca toda vez que for entrar em casa.
Não é a primeira vez que isso acontece, já vieram derrubar casas. A gente não tem vez, nem voz. Estão se aproveitando da liminar para intimidar os moradores afirma.
Chimiloski diz que comprou seu terreno em 2008 e pagou R$ 55 mil. Ele também conta que possui uma ação de uso capião tramitando na Justiça, mas teme que seja retirado de casa ou que uma tragédia aconteça.
Tenho mulher e uma filha de quatro anos, a gente não tem pra onde ir, se nos tirarem daqui vamos pro meio da rua e outras famílias estão na mesma situação. Não conseguimos trabalhar em paz por medo de que pegue fogo nas casas desabafa.
Foto: Rafaela Martins / Agencia RBS
Fonte: O SOL DIÁRIO – Maikeli Alves