O relatório da pesquisa de carga turística de Bombinhas, feita nos últimos dois anos pela Univali com apoio do Centro Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq), revelou que 70% dos moradores e dos turistas são favoráveis à cobrança do pedágio ambiental. Mas 93% defendem que haja mais transparência na aplicação dos recursos, e que a taxa passe por auditorias periódicas.
Os dados, que foram apresentados nesta quarta-feira à noite na Associação Empresarial de Bombinhas ( AEMB), surpreenderam os pesquisadores quando a questão era sobre a prioridade na aplicação da taxa. Para a maioria ( 40%), esgoto e qualidade ambiental lideram a lista, seguidos por gestão de praias ( 21%) a uniformização de quiosques e o ordenamento dos serviços.
Em terceiro lugar, para 14% dos entrevistados, a distribuição de água deveria ser reforçada.
O segundo acesso, que sempre foi tratado como prioridade pela administração municipal, aparece só na quarta colocação, apontado por 9% das pessoas ouvidas. O que significa que, para a maioria, é tolerável enfrentar congestionamentos na entrada da cidade desde que, uma vez em Bombinhas, haja qualidade de vida e de serviços.
Falta infraestrutura
Os números coletados nos dois últimos anos revelam que, na alta temporada, chegam a entrar em Bombinhas 40 mil veículos num só dia.
Em alguns períodos, a população pode saltar de 17 mil para 88 mil pessoas.
Marcus Polette, coordenador da pesquisa, reconhece que se trata de um desafio para o poder público: para atender adequadamente à população da temporada, Bombinhas precisaria ter pelo menos três vezes mais infraestrutura.
O estudo comprovou cientificamente, por exemplo, que a rede de água é insuficiente para atender a população flutuante serviria a no máximo 53 mil pessoas e que há uma relação direta entre o aumento no número de turistas e a piora nas condições de balneabilidade das praias.
Expectativa versus realidade
Mais da metade dos turistas que escolhem Bombinhas para passar a temporada têm renda per capita de três salários mínimos e um motivo em comum: a busca por um destino que alie sossego, qualidade da água do mar e paisagens naturais.
A maioria consideraria ideal uma área de praia de pelo menos 10 metros quadrados por pessoa muito diferente da realidade do alto verão, quando o espaço por pessoa, que os pesquisadores chamam de nível de conforto é de 4,5 metros quadrados.
De acordo com o professor Polette, esse distanciamento entre expectativa e realidade pode prejudicar o retorno dos turistas e trazer prejuízo à economia local. De imediato, ele defende o congelamento da construção civil para que a cidade possa ser repensada.
Foto: Marcos Porto, Arquivo
Fonte: O Sol Diário – Guarda-Sol