Ligações adequadas não têm data para sair do papel, pois estão fora do contrato de concessão.
Itajaí, Balneário Camboriú e Itapema têm um problema que se repete ao longo da BR-101: marginais que ligam nada a lugar nenhum. Elas foram projetadas para amenizar o trânsito intenso da região, porém no contrato de concessão da rodovia não foram previstas as pontes que fariam a ligações entre uma estrada e outra.
A Autopista Litoral Sul assumiu a concessão da BR-101 em 2008, desde então já construiu 59 quilômetros de marginais. As obras ficaram prontas entre março de 2014 e outubro de 2015, porém as pontes não têm data para sair do papel.
Balneário Camboriú, por exemplo, aguarda a construção de duas pontes sobre o Rio Camboriú. Na marginal Oeste, onde as cabeceiras estão prontas, a prefeitura alega que a Autopista ainda não fez o projeto pra erguer a estrutura e as obras não têm data pra começar. Na marginal Leste, a situação se inverte. O projeto da ponte está pronto, mas as obras mal começaram.
As pontes não estavam incluídas originalmente no contrato e isso prejudicou muito a região. A BR-101 é uma grande barreira à mobilidade das cidades, especialmente em Balneário. Hoje os municípios tem se mobilizado para pressionar a ANTT para que essas ações sejam incluídas explica.
Com as marginais pela metade, moradores de três bairros de Balneário Camboriú e das praias agrestes precisam atravessar a BR-101 pra chegar ao Centro. E em horários de pico, o trânsito para. O mesmo acontece em Itajaí, onde o maior gargalo fica entre os bairros São Vicente e Cordeiros. O acesso às empresas, que ficam às margens da rodovia, melhorou, mas sem a ponte sobre o Rio Itajaí Mirim, a marginal também não tem utilidade.
Há um engarrafamento na BR-101, basicamente na ponte, os caminhoneiros que conhecem Itajaí acabam entrando pela cidade e isso causa transtorno ao tráfego interno afirma o secretário de Obras de Itajaí Tarcízio Zanelatto.
De acordo com Zanelatto, a prefeitura cobra a construção da ponte desde o ano passado. A concessionária teria dito que pra custear as obras, seria preciso repassar isso ao motorista.
A justificativa de qualquer empresa é que para investir precisa de recursos e para isso precisaria aumentar o pedágio. Isso é complicado, quando se tem a concessão e a responsabilidade de fazer investimentos temos que ter alternativas. Espero que a Autopista ache uma saída, pois Itajaí está sendo prejudicada diz.
No trecho de Itajaí exatamente onde deveria existir uma ponte tem um atalho usado por moradores. Após o término do asfalto da marginal, os motoristas desviam por uma estrada de chão e passam debaixo das duas pontes. O caminho é estreito, perigoso e não tem nenhum tipo de sinalização.
Ponte interditada sobrecarrega trânsito interno
Em Itapema, a marginal passa pelo local onde foi construída uma ponte há mais de 20 anos. A estrutura não suporta o trânsito da rodovia. Desde então, uma ponte vizinha, localizada dentro da cidade, tem sido usada como desvio. O problema é que o caminho fica sobrecarregado durante o verão e agora vem sendo monitorado pela prefeitura. O município, inclusive, diminuiu o limite de peso dos veículos de 15 toneladas para 10 toneladas, com medo que desabe.
A questão da mobilidade do nosso município hoje passa por dificuldade e essa ponte para fazer a ligação da marginal é muito importante, porque aos finais de semana o pessoal corta caminho por dentro da cidade. Há três anos a gente batalha por isso, já existe projeto, mas as obras estão atrasadas por questões de planilhas a serem aprovadas pela ANTT observa.
Percurso dos rios não foi levado em conta no contrato de concessão
A Autopista Litoral Sul disse, por meio de nota, que já apresentou a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) os projetos para construção dessas pontes. A concessionária depende agora da aprovação do órgão regulador, o que não tem data para acontecer. Ainda, segundo a Autopista, na época em que as marginais foram construídas, se levou em conta apenas o fluxo de veículos e não o percurso dos rios. Engenheiro de tráfego que acompanha a concessão da BR-101, José Nuno Wendt afirma que uma alteração no atual plano de pedágio da Autopista pode sim deixar o pedágio mais caro:
A finalidade do primeiro contrato foi resolver os acessos e pontos perigosos da rodovia. Com o aumento do trânsito, já há dias em que as pistas da BR-101 não atendem a demanda e há engarrafamentos. As marginais poderiam resolver, mas claro que isso está vinculado ao plano de investimentos da concessionária. O valor do pedágio precisaria ser revisto para atender essas obras.
Foto: Lucas Correia / Agencia RBS
FONTE: O SOL DIÁRIO – Douglas Marcio – Colaborou Maikeli Alves