A faixa de areia na junção do Rio Perequê com a Meia Praia, em Itapema, amanheceu interditada nesta terça-feira. A fita de contenção, instalada pela Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (Faaci), bloqueou o acesso para moradores e turistas em um trecho de 150 metros. Desde domingo, peixes mortos têm chegado à praia em grande quantidade. A suspeita é de que o rio tenha sofrido contaminação por esgoto.
A interdição foi feita para evitar que as pessoas se exponham a riscos pelo contato com os animais, e deve durar por tempo indeterminado. A prefeitura de Porto Belo informou que a partir de hoje, 300 metros da Praia do Perequê, na margem direita do rio, também serão bloqueados a partir da Rua Almirante Fonseca Neves.
Ontem, o Ministério Público protocolou um pedido de interdição definitiva da área atingida até que os laudos sobre o volume da poluição no local tenham sido divulgados. A expectativa é que a análise das amostras retiradas da água na sexta-feira, por técnicos da Fundação do Meio Ambiente do Estado (Fatma), tenha resultado até o final da semana.
O Ministério Público também enviou um ofício à Polícia Militar Ambiental, para que o inquérito instaurado pela corporação seja enviado à promotoria após ser concluído.
Impacto
Para o presidente do Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Itapema e Região (Sindhoteis), José Maria Negreiros, a poluição do Rio Perequê pode prejudicar o turismo, principal atividade econômica das cidades da Costa Esmeralda.
_ A temporada já não está boa em função dos argentinos terem dificuldade para vir. Tudo o que repercute negativamente prejudica ainda mais _ avalia. Ele diz que a situação do tratamento de esgoto na cidade já foi alvo de processos judiciais movidos pelo sindicato, que ainda não tiveram resultado, e reclama da negligência do poder público com o saneamento nos últimos anos.
Morador de Porto Belo há 10 anos, Paulo Ronaldo, 48, estava indignado ontem com a proporção que tomou a situação do Rio Perequê.
_ Quem causou um dano como esse deveria ser punido com detenção. Os peixes mortos estavam em área de manguezal, que é um criadouro. É um crime ambiental gravíssimo.
Águas de Itapema mantém o silêncio
A empresa Águas de Itapema, responsável pelo tratamento de esgoto na cidade, é apontada pela prefeitura de Itapema como causadora do dano ambiental que resultou na mortandade de peixes no Rio Perequê. Autuada em R$ 500 mil na segunda-feira pela Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (Faaci), a empresa tem mantido o silêncio.
Até o início da noite de terça-feira, nenhum técnico da Águas de Itapema havia se manifestado sobre o caso. A informação repassada até agora, pela assessoria de imprensa da empresa, é que a situação está sendo avaliada e o sistema de tratamento de esgoto está em funcionamento. Mas o suposto vazamento de efluentes que, segundo a Faaci, causou a poluição do rio, não foi confirmado pela empresa.
Em relação à multa, a Águas de Itapema deve recorrer. A empresa já havia sido autuada em dezembro pela Fatma por operar sem licença, disposição e armazenagem irregular de resíduos, presença de animais e efluentes finais que não atendem à legislação.
Fonte: O SOL DIÁRIO – Dagmara Spautz
Foto: Rafaela Martins / Agencia RBS