Muitas vezes, pessoas sentem coisas que não conseguem explicar direito. Crianças com até três anos de idade que estão em processo de desenvolvimento da fala, principalmente. É sobre este assunto que trata o livro “A margarida friorenta”, da autora Fernanda Lopes de Almeida, que serve como inspiração do projeto pedagógico que está sendo desenvolvido com alunos do maternal do NDI Clube do Cebolinha, no Centro de Porto Belo.
A literatura infantil trata de uma florzinha, chamada margarida, que tremia muito, aparentemente de frio, mas existem muitos tipos de frio, e o pior talvez seja aquele que nasce da falta de carinho. O que margarida sentia não era um frio físico, e sim a falta de afeto. “Margarida era uma florzinha que estava com muito frio, muito frio. Passou uma borboleta, viu que ela estava com frio, chamou Ana Maria que foi ajudá-la. Chamou o cachorro para trazê-la para seu quarto, junto a sua cama, e ela colocou um casaco, mas não adiantou, fez uma casinha e não deu certo. Colocou debaixo da luz e não conseguiu. No final, ela só queria uma coisa que ninguém imaginava, tão simples… o carinho”.
Com base nessa história infantil, os 18 pequenos alunos, entre dois e três anos, fazem diversas atividades com a finalidade de um desenvolvimento integral de aprendizagem, como desenhos, brincadeiras e jogos.
As professoras Adriana da Cunha Pereira e Vanda Aparecida Gaviolli, além da monitora Mariana Cristina Ferreira coordenam os trabalhos, que tem como principal objetivo despertar nos pequenos valores como bondade, carinho, atenção e amor com o outro, com as plantas e com os animais.
O envolvimento da família das crianças também faz parte do projeto e acontece através de uma atividade chamada “sacola divertida”. Nessa ação, a criança desenvolve em casa o compartilhamento de momentos divertidos de atenção e troca de carícias com os pais. Na sacola divertida tem livros de histórias, brinquedos, massinha de modelar, bolinha de sabão, jogos, papel e giz para desenhar. O aluno leva a sacola para casa, na sexta-feira, e pode ficar durante todo o final de semana. Os pais recebem um caderno para relatar como foi a experiência. Terça-feira é o dia devolução da sacola na escola, o que marca o momento de integração dos pais na unidade de ensino.
O primeiro aluno a participar da experiência foi o pequeno Iker e o relato dos pais sobre a sacola divertida emocionou as professoras envolvidas no projeto. “O pai escreveu que um dos momentos mais especiais foi quando a família pintou sua primeira obra de arte, com os itens da nossa atividade, e isso é muito importante para o nosso trabalho”, conta a professora Adriana.
O projeto ainda está em andamento e todos os alunos vão levar a sacola divertida para suas casas. Mas o desenvolvimento que as crianças estão demonstrando já é nítido para as educadoras que convivem diariamente com os pequenos. “Antes, as crianças dessa idade só brincavam na sala de aula, mas esse projeto realmente envolveu, desenvolveu e transformou o comportamento das crianças”, explica a professora Vanda.
Outra atividade lúdica que marcou o projeto foi uma dinâmica que os pequenos fizeram em sala de aula. “Confeccionamos borboletas com filtro de café, porque na história tem a borboleta azul que é quem vê pela primeira vez a margarida tremendo, e os alunos as pintaram bem coloridas. Depois, com o auxílio de um secador de cabelo fizemos as borboletas voarem. A reação dos alunos era de recolher as borboletas que caiam em sinal de ajuda e, bondade e cooperação. Isso é muito recompensador”, conta a professora Adriana.
Para a Secretária de Educação de Porto Belo, Dóris Helena Serpa Ferreira, a iniciativa das educadoras em desenvolver este projeto pedagógico com o grupo do maternal tem o intuito de explorar a criatividade, imaginação, linguagem e acima de tudo valores. “O trabalho da educação do nosso município vai além da sala de aula e da própria escola. Este projeto, por exemplo, está transmitindo valores para nossas crianças e contagiando as famílias”, comemora.
A diretora do NDI Clube do Cebolinha, Nerilda Rebelo Roslindo, adianta que as educadoras estão preparando uma nova atividades dentro desse projeto pedagógico, que consiste na construção de uma casinha onde as crianças poderão entrar, brincar e desenvolver diversas outras ações que permitem trabalhar outras linguagens de aprendizagem e de educação inclusiva. “A atividade atual do projeto, da ‘sacola divertida’, por exemplo, faz a integração e transporta o adulto para o mundo das crianças, mas acima de tudo traz a família para dentro da escola”, ressalta.
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