Intenção é garantir que tanto Casan quanto Conasa não captem mais água que a outorga permite. Na última temporada, empresas trocaram acusações por conta do Rio Mansinho.
Para evitar o imbróglio surgido no Litoral Norte no verão passado quando as companhias responsáveis pelo abastecimento de água em Porto Belo e Itapema entraram em embate por conta do manancial do rio Mansinho, afluente do rio Perequê , o Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Sustentável (SDS) intensificará a fiscalização nas estações de captação de água das duas cidades a partir deste mês.
A intenção é garantir que as companhias mantenham a retirada de água dentro dos limites impostos pela outorga: 200 litros por segundo para a Conasa Águas de Itapema, e 147 para a Casan (Porto Belo-Bombinhas).
Na última temporada, a grave estiagem diminuiu o nível do rio, dificultando a captação na estação de Porto Belo justamente no verão. Moradores ficaram sem o fornecimento e chegaram a protestar contra a empresa.
A Casan acusou a Conasa de captar mais água que o permitido em um ponto mais alto do rio. A Conasa, por sua vez, contesta o argumento e afirma que Itapema só não sofreu o mesmo problema porque investiu em reservatórios com antecedência.
Cumprimos as determinações da outorga e temos uma capacidade de armazenamento muito maior que a de Porto Belo e Bombinhas. A capacidade de tratamento de Itapema durante a temporada é de 300 litros, mas de captação é só de 120. Ou seja: nós também não conseguimos depender unicamente da captação direta no rio explica Tiago Eyng, superintendente de operações da Conasa Águas de Itapema.
Análises serão feitas semanalmente
De acordo com a SDS, após reuniões entre as prefeituras e as empresas no ano passado foram instalados medidores de captação em ambas as estações. A fiscalização da secretaria iniciou logo depois, em fevereiro, sendo interrompida no começo do inverno.
As análises serão retomadas já em outubro, sendo repetidas semanalmente, mas não há informações sobre irregularidades em nenhuma das inspeções feitas até hoje.
Superintendente da Região Metropolitana da Casan, Lucas Barros Arruda explica que a companhia busca uma redistribuição nos limites da outorga junto à SDS. Mesmo assim, afirma Arruda, o “mínimo” necessário para garantir o fornecimento durante os picos da temporada é uma realocação dos locais de captação, ou uma reformulação da forma que ela ocorre.
Em janeiro, a situação ficou tão agravada que a companhia de Itapema chegou a abrir a barragem do Rio Mansinho para aumentar a vazão captada pela Casan em Porto Belo.
Quando o rio está cheio, não há problema algum. Mas sempre que o nível cai, Porto Belo e Bombinhas são atingidas primeiro, por ficarem mais abaixo no leito. A verdade é que a quantidade de água bruta disponível na região está cada vez menor se comparada à superpopulação que chega ao litoral para a temporada diz o superintendente Arruda.
Foto: Marcos Porto / Agencia RBS
Fonte: Diário Catarinense – Gabriel Rosa